sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Neurociências


Quando comecei a lecionar em NOV/2013 e fiquei sabendo que iria dar aula numa quarta-série onde havia uma aluna que não conseguia ler, e já estava com doze anos, fiquei muito preocupada. E visitando o site da UFRGS obserei que tinha um curso de extensão sobre: “neurociências e a educação”, me interessei, fiz o curso, adorei muito o curso, e fiquei com muita curiosidade em fazer outros cursos nessa linha.
Mas infelizmente não foi o suficiente para conseguir ajudar a aluna em questão ler, mas com a ajuda da diretora que pediu para uma amiga ir avaliar os alunos indicados pelos professores ela foi encaminhada para uma psicopedagoga e para um psicólogo, mas a família não fez nada.
Ela tinha um bloqueio muito grande, mas ao longo do ano estava quase lendo. Infelizmente o ano terminou e no conselho acharam melhor reter ela de novo, ao entregar a avaliação para sua avó, quase chorei por ver ela tão triste, pois era uma excelente aluna, somente não sabia ler, mas sabia todo o alfabeto, as demais atividades ela realizava. Quando não sabia o que fazer me perguntava e logo fazia principalmente as atividades de matemática.
E dentro da interdisciplina Corporeidade o professor trouxe novamente esse assunto e podemos ver que tudo envolvido com o nosso cérebro. E trabalhar os movimentos, a afetividade na primeira infância, a alimentação, os traumas, tudo faz parte e dependendo podem prejudicar ou ajudar o desenvolvimento do ser humano. E que muitas coisas ficam registradas em nossa memória, e se a criança sofreu algum trauma na região da leitura e compreensão vai ficar bem difícil para essa aprender a ler, a juntar as silabas e formar as palavras. Minha tristeza foi que em 2015 onde estava montando um projeto para poder trabalhar com essa menina na escola, o governo do estado me demitiu para poder nomear os professores aprovados no concurso, isso para não sair como o “ruim” da história.
Fui até a escola e fiquei sabendo que seus avós haviam se mudado para as Ilhas, e transferido as crianças. E nunca mais ficaram sabendo dela e de suas irmãs.
E até hoje me questiono, será que conseguiria ajudar ela construir sua leitura?
Ou será que algo aconteceu que afetou de vez com a parte do cérebro que é responsável pela leitura? Nunca saberei essas respostas.

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