Quando não existia escola o modo de ensinar
era repassado dos mais “velhos” para os mais “jovens”,como podemos observar no filme "Macunaíma". Moravam num lugar longe de todos, no grupo familiar, o menino nasce e vai crescendo e aprendendo com a família. Faziam somente o básico para poder sobreviver. Era a
cultura local, onde as percepções não diferiam muito uns dos outros, mas era
importante para que eles se mantivessem como uma comunidade,
dando o seguimento e o crescimento da mesma. A população foi crescendo, começaram a criarem cidades, o tempo passou e tudo foi se modificando. Por isso a sociedade sentiu falta de uma educação voltada para suas crianças, onde eles aprenderiam muitas coisas, principalmente viver em sociedade. Então as primeira escolas foram construídas e comandadas pela igreja local com ajudada da comunidade. Quem administrava, educava, ensinava eram os padres e as freiras. As escolas eram separadas as de meninos e meninas. As escolas ensinavam tudo e também a serem adeptos da religião. Isso faz lembrar de "Durkheim, que pensava que a
educação expressa uma doutrina pedagógica que se apóia na concepção do homem e
sociedade. Que o processo emerge através da família, igreja, escola e
comunidade. Do ponto de vista de Durkheim, o homem é egoísta, que necessita ser
preparado para vida em sociedade, este processo é mediatizado pela família,
escolas e universidades".
Mas quem tinha poder aquisitivo podia estudar, e quem não tivesse não tinha o direito a ter aprendizado, muitas vezes as crianças iam trabalhar com seus pais, sem remuneração, somente para ir aprendendo o oficio que logo estariam praticando logo que crescessem um pouco mais.
Com o filme Machucha, podemos ter uma ideia de como eram essas escolas e tudo referente aquele tempo. A igreja para deixar para fazer uma parte social, para ajudar a comunidade local, abriu bolsas de estudo para alunos pobres, mas não lhes deu uniformes para que ficassem iguais aos alunos que ali estudavam, com isso fica claro a desigualdade e o pouco caso que a igreja estava praticando com os meninos bolsistas. Mas do modo deles, estavam abrindo uma janela onde aqueles alunos que estavam a margem da sociedade, pudessem aprender e sonhar com um mundo melhor. Dentro da escola eles sofriam preconceitos de alguns alunos, onde eles até comentavam que era o pai deles que pagava para eles estarem naquele local. Mesmo com toda distorção do momento foi bem interessante observar o quanto é importante para as crianças interagirem e vivenciar as culturas diferentes, o mundo de cada um, que existem outro modo de se viver de acordo com o dinheiro que cada um tem.
Uma revolta colocando no poder o exército nas ruas, o governo tomando conta de tudo e todos fazendo o que bem quer, nas escolas os alunos eram tratados iguais aos soldados. Cabelos raspados, não podiam falar, não podiam reclamar, pois eram castigados. Como pode acontecer isso as pessoas serem submetidas a um poder que oprime todos, mata, humilha, castiga, mas quem eram os mais perseguidos eram os pobres. Pois sem educação, escola, emprego digno, como poderiam se defender, se não tinham nem comida.
Vimos nesse filme que tudo que prevalece é a lei de quem tem mais poder aquisitivo.
Temos que fortalecer a cultura
local de cada região, reafirmando suas origens, suas raízes. Quando se aborda um determinado assunto que não tem sentido
para os alunos, eles pouco irão se interessar, não faz parte da cultura, do
lugar, para qual motivo tenho que aprender isso, professora.
A escola não deve impor seus objetivos e seus
valores formais, e sim trabalhar juntamente com a comunidade escolar mostrando
que existem outros tipos de culturas a serem estudados e entendidos pelos
alunos e educadores. Mostrar as diferenças entre as etnias, religiões, raças, sexualidade,
gênero, preconceito, discriminação, etc. Mostrando que o Brasil é um país amplo
e com uma diversidade cultural muito extensa, que não existe somente aquela da
sua localidade, e todos os seres humanos somos também distintos entre si. Também
devemos como escola fazer que os grupos aceitem e respeitem essa diversidade,
sabendo conviver mutuamente com respeito e igualdade. Essa instituição tem que
preparar o aluno para a vida, fazer dele um ser reflexivo, um ser crítico,
atuante de sua cidadania, defensor dos direitos humanos. Apesar de existir
classes sociais diferentes, mas somos todos seres humanos e deveríamos ter uma
educação igualitária, sem distinção de classe social, quando cada aluno que
terminasse a educação básica já teria sua vaga na universidade sem ter que
passar muitas vezes por humilhações recebendo bolsas em universidade particular
sentindo discriminação por parte muitas vezes de professores, ou tendo
necessidade de passar fome para poder pagar sua vaga no ensino superior para
conseguir uma profissão e um salário mais digno. Essa questão é muito antiga,
vem sendo discutida há vários anos, mas hoje já melhorou muito, mas pela nossa
história e cultura tem muito ainda que melhorar. Verificando a cultura das
universidades federais e particulares com bolsa de estudo encontramos poucos alunos
negros/índios ocupando vagas nos cursos de medicina, odontologia, advocacia,
por estes serem cursos elitizados, onde uma pequena parte da população pode
cursar. Ainda visando os cursos superiores poucos desses possuem discentes que
saibam trabalhar com os alunos que são oriundos das classes sociais menos
favorecidas, então não conseguindo ter acesso a esse estudo elitizado, ou
faltando um pouco de bagagem esses alunos são deixados para trás, assim
parecendo que eles são desleixados ou não querem estudar.
Uma desigualdade absurda os alunos pobres
sendo desmerecidos sem darmos nenhuma chance de aprender a sonhar e a ter uma
educação mais digna. Às vezes os professores fazem com que esses alunos percam
a vontade de ser alguém melhor que seus pais, podendo estudar e pensar em ter
um curso superior. A escola e a educação não podem cair no automático, esses
alunos precisam do apoio para não perder o otimismo em querer melhorar, estudar,
acreditar em si mesmo, melhorar a auto-estima, assim visando um futuro de
melhor qualidade.
Por mais que seja difícil incluir o multiculturalismo
dentro da escola, e dando inicio a uma educação de cidadania, de democrática,
de ter uma educação igualitária e humanista dentro de uma escola, vale a pena
tentar, não desistir, ensinar os alunos
a construir e saber refletir seus conhecimentos, assim eles poderão conseguir
usufruir dos seus conhecimentos. E aos
poucos a cultura mudar essa cultura que existe permeada dentro das escolas e
muitas vezes na mente de quem educa.