domingo, 14 de outubro de 2018

Como fazer a diferença...


Depois de dez dias de observação iniciei meu estágio e não me senti muito a vontade. Sabe tu sentir aquele seja bem vinda “querida”, da titular e querendo que você suma, pois bem foi isso que eu senti e continuo sentindo. Aquela primeira impressão que tive foi por água abaixo.
Ao iniciar as observações dei para professora uma cópia das questões que eu teria que preencher durante as observações dentro da turma e na escola. Então na sexta feira dia vinte oito de setembro desse ano, perguntei sobre o planejamento se poderia me passar, ela disse que a recém tinha dado para a coordenadora pedagógica e essa iria olhar somente na segunda, e lhe perguntei se ela havia lido e tinha como me dar às respostas que competiam a ela responder, pois se referia a professora titular. A “resposta dela foi curta e grossa: “não tenho que ler nada”, e tu que tem que correr atrás das respostas”. Fui tão humilhada com aquele linguajar ríspido e grosso, nem parecia àquela meiguice do “seja bem vinda querida” na frente dos alunos e no primeiro dia na sala dos professores. Naquele momento me lembrei do estagio do magistério, que pra mim foi um dos maiores horrores e torturas que passei na minha vida. E por isso deixei passar dez anos da minha vida, pensando que não seria uma boa professora, pois como a outra orientadora do estágio dizia que eu não sabia nada, e isso foi me deixando no fundo do baú. E sinto que aos poucos estou indo de novo, mas somente que hoje estou mais velha, e está acontecendo uma briga dentro de mim, onde uma parte sabe o que fazer e a outra não e quer fugir.
Estou com medo de perder meu tempo minhas energias nesse estágio, e quando me lembro dos alunos quero ficar tentando ajudar um de cada vez a aprender a ler, escrever, interpretar e calcular. Sei que tenho que aprender muito ainda e apenas sei coisas da pedagogia que aprendi no PEAD, e ainda estou aprendendo no curso. E pouco que estudei percebo que todo professor deve ser um pesquisador. Mas pelas poucas observações que fiz bem que ela poderia fazer melhor nas aulas. Os alunos têm mais potencial, fazer uma aula mais interativa, dialogada e ao mesmo tempo fazendo eles registrar o que pensam de alguma forma.
Ao questionar o seu Damaceno sobre suas aprendizagens ele me olha triste e diz: Acho que eu não tenho mais solução, se não pagar minha sobrinha para me ensinar, acho que não vou conseguir ler, escrever, e calcular essas de divisão, sou burro mesmo. Aquelas palavras me cortaram o coração. Vi a tristeza em seu olhar, como poderei ajudar essa pessoa que esta na escola há quase dois anos e avançou tão pouco?
Não quero ser como os demais professores fazer de conta que dá aula e os alunos fazem de conta que aprendem. Uma aprendizagem significativa faz a grande diferença dentro de qualquer nível escolar, mas nas classes de alfabetização devem ser mais delicadas e efetivas, pois principalmente esses sujeitos que retornaram em busca do aprendizado, por algum motivo não conseguiram em outros tempos, nós temos a obrigação de fazer a diferença e tentar com toda nossa energia ajudar esses aprendizes a conseguirem concretizar seu objetivo procurado.


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