quinta-feira, 29 de junho de 2017

O Estado moderno: da gestão patrimonialista à gestão democrática

          Lendo o artigo da mestranda Neusa Chaves Batista onde ela coloca o conceito das duas gestões compreendi o motivo que encontramos tantas escolas mesmo sendo da mesma mantenedora com gestão distintas.    
Numa gestão do tipo patrimonialista o quadro administrativo é constituído de dependentes pessoais do gestor (familiares ou funcionários pessoais) ou de parentes, amigos (favoritos), ou ainda por pessoas que lhe estejam ligadas por um vínculo de fidelidade (troca de favores). As relações que dominam o quadro administrativo não são as do dever ou a disciplina objetivamente ligada ao cargo, mas à fidelidade pessoal do servidor ao gestor (Idem, p. 131). Neste modelo de gestão a separação entre assuntos públicos e privados, entre patrimônio público e privado desaparecem com a difusão do
sistema de prebendas e apropriações.  
Atualmente em pleno século XXI ainda encontramos esse tipo de gestão, tanto na esfera pública como na privada. A gestão da instituição sendo patrimonialista o educador não fica a vontade para falar com seus alunos sobre “democracia” ou até mesmo fazer uma eleição dentro de sua própria sala de aula para ter um representante de turma. Muitas vezes somos obrigados a fazer exatamente o que a direção quer e como ela decidir. Ali o professor deve mandar nos alunos, não os deixar decidir. Complicado fazer um cidadão dessa forma sem ter voz ativa de saber o que é melhor para seu futuro, ter senso crítico, refletindo e aprendendo a lutar pelos seus direitos. O professor fica engessado sem autonomia para mostrar como e uma democracia dentro da sala de aula, se o fizer ele estará arriscando perder seu emprego e até mesmo ser coagido a sair da escola e procurar outra no caso dos professores concursados nas escolas públicas.
A gestão democrática é baseada no Estado de direito emergido com o advento da modernidade, caracteriza-se por uma gestão do tipo racional-legal onde se obedece não à pessoa em virtude de seu direito próprio, mas à regra estatuída, que estabelece ao mesmo tempo a quem e em que medida se deve obedecer. Neste modelo de gestão também quem ordena obedece, pois, ao emitir uma ordem, fruto de discussão, esta se transforma em regra universal para todos.
Um princípio básico de uma gestão democrática é a separação plena do quadro
administrativo e os meios administrativos e de produção. Isto significa dizer, que os funcionários, empregados e trabalhadores a serviço de uma organização pública não são
proprietários dos meios materiais de administração e produção, mas remunerados em espécie ou dinheiro, e estão sujeitos à prestação de contas (Weber, 1989,1991).
        Acredito que as escolas estão revisando seu modo de gestar seu mandato, pois analisando os dois conceitos acima retirados do texto da Neusa Chaves Batista podem observar que a gestão democrática é muito mais suave de ser feita, e não há todo aquele circo que devem satisfação uns aos outros e sim a comunidade escolar que participa diretamente através de representantes legais. As decisões são tomadas a favor das necessidades e melhorias mais urgentes onde todos serão contemplados. Uma escola onde a gestão é democrática sua comunidade escolar se sente fazendo parte da escola, pois ela participa das decisões tomadas para melhorar.

          Na última escola que trabalhei foi no município de Novo Hamburgo, apesar da escola ter um rígido e tradicional tratamento a gestão era democrática onde a comunidade escolar sabia direitinho o destino de todo orçamento recolhido e que vinha da SEC. Presenciei uma reunião de conselho onde todos os representantes dos seguimentos estavam presentes e todos participavam ativamente. A direção bem clara dava ciência de tudo que tinha realizado com as verbas mostrando as notas fiscais e todos os orçamentos necessários para que saibam qual destino tomou tudo.  Muitas das verbas são ajuda de cada aluno que possa ajudar e mais as festividades que são realizadas durante o ano letivo, onde o dinheiro é revertido em benefícios para os alunos. Um exemplo de gestão democrática, apesar de ser bem tradicional elenca muitos elementos que fazem parte da atualidade.

Um comentário:

  1. Olá! Ao ler o teu post fica evidente a diferenciação entre os dois tipos de gestão. Ao ter o conhecimento dessas características conseguimos ter um "olhar" mais minucioso da escola em que atuamos. Através dos relatos e conceitos consegue argumentar e a refletir sobre as tuas aprendizagens! Parabéns! Continue se dedicando!

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