quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Refletindo sobre a primeira aula...

A importância do olhar do professor!


Primeira aula da interdisciplina Fundamentos da Alfabetização foi bem instigante, a professora trouxe atividades que estavam escritas em outra língua, e como nossos alunos conseguimos analisar alguns códigos que sabíamos que já havíamos visto em outros lugares. Então aos poucos com a ajuda da professora fomos conseguindo visualizar e fazer as atividades propostas. 
Na pele senti o que meu aluno que ainda não sabe ler ou aquele que esta quase aprendendo. No nosso caso somos professoras adultas, e mesmo assim sofri uma inquietação enorme, em um momento senti que não ia conseguir decifrar a leitura daquela escrita diferente, e quando entendi como fazer, foi um alívio enorme, imagino que eles muitas vezes se sentiram ou sentem dessa forma. Por isso temos que ter paciência, carinho e ter muita atenção quando estamos lhes mostrando coisas novas. E com essas atividades da professora compreendi que não adianta muito a colega falar, nós temos que elaborar toda a situação dentro de nós.
A outra atividade que julgo boa de postar aqui foi o relembrar como foi minha alfabetização que não foi tranquila, devido a isso muitas vezes acabo fugindo de trabalhar com os pequenos que estão nessa fase. Esperem que gostem da minha história e deixem seus comentários! 

Minha experiência e inquietação no início da alfabetização


Como toda criança que é criada sozinha sem outras crianças querem logo entrar na escola com sonho de fazer amizades, aprender a ler, desenhar, pintar, levar lanches, enfim ir para um mundo novo. Eu não era diferente, da minha casa, na janela do meu quarto avista de longe a escola que um dia ia frequentar, e às vezes dependendo da direção do vento escutava a sineta.
Todos os dias quando via as crianças passando com suas pastas e uniformes indo para a escola, não via a hora de também ir também. Então chegou o grande dia, minha avó mandou fazer todo meu uniforme na costureira me achei bonita com o uniforme. Fui para a escola e minha turma era boa com muitas crianças para poder brincar e conversar, mas logo chegaram às atividades e não conseguia fazer o que era solicitado e quando fazia ficava feio, então ficava conversando com a colega ao lado.
Foi difícil minha alfabetização ficando várias vezes de castigo e nunca copiava do quadro. Resumindo hoje me lembrando desses dias fiquei com pena da minha professora Eloa, ela teve muita paciência e teve que me disciplinar para eu poder aos poucos aprender. Por causa da minha conversa lembro que ela fez com que sentasse com todos da turma, mas sem sucesso, por que amava conversar, com as meninas falava sobre bonecas, com os meninos o assunto era bicicleta, futebol, bolitas e figurinhas, e até levava para trocar com eles falava com todos. Até ela me colocar com a Karla com “K”, essa não abriu a boca o ano todo. Os testes de leitura eram feito ela e a professora, ela tinha cabelo ruivo, sardas no rosto e olhos bem azuis, parecia uma boneca, sentada com ela eu falava por ela e por mim. E as atividades que era bom, nada!
Muitos bilhetes foram entregues para minha avó, o castigo pegava, tomava surras de chinelo da minha avó, eu chorava, mas de volta na escola seguia o mesmo percurso. Nem lembro quando comecei a ler, sei que foi traumático, pois não lembro. Quando menos a minha avó esperava estava lendo as placas de transito, nome dos ônibus, e tudo que via, lembro que ela ficou tão feliz que me deu minha primeira boneca da estrela, ela tomava chá e fazia xixi .Foi o meio dela dizer parabéns pelo meu esforço, já que não era costume a gente ganhar brinquedos, pois a crise estava sempre pegando.
Depois de muitos anos em Porto Alegre, fui pagar uma conta no centro e vi minha professora de longe e cheguei nela em seguida quando falei com ela recordou de mim imediatamente, e ainda completou: “Andreia, não mudaste em nada” amei que ela se lembrou de mim, tenho certeza que naquele ano fui seu pesadelo.
Logo no início do ano letivo lembro que a professora trabalhou muito a coordenação motora fina, pois muitos alunos não tinham passado pelo jardim, e não sabiam nem pegar no lápis direito, eu conseguia, mas minhas pinturas eram feitas em todas as direções. Fizemos muitos trabalhos como rasgar papéis com as mãos, fazer bolinhas de papel com crepom e colar nas figuras, modelar massinhas, ligar os pontos e passar por cima, desenhar traços geométricos e pintar dentro dos limites dos desenhos, recortes e colagens diversas para dar início em seguida nas letras e começar a alfabetizar.
Todas as aulas eram muito tradicionais, a turma tinha que fazer tudo em silêncio, e falar somente quando solicitado, as atividades com as letras e demais com sílabas e posteriormente com palavras era copiadas do quadro e também tínhamos duas cartilhas uma de matemática outras com pequenos textos de português e atividades para fazer. Todos os dias tinha tema de casa no caderninho de tema, onde lembro que muitas vezes minha avó pegava na minha mão para me ajudar a fazer as letras. O preenchimento das linhas com letras script, cursivas, maiúsculas e minúsculas, muito caderno de caligrafia para deixar a letra uniforme. Copiar do quadro isso quase nunca conseguia, pois conversava e não consegui fazer direito, ficava tudo feio, meus primeiros cadernos pareciam de menino eram totalmente rabiscados e com muitas orelhas.
Mas pra mim era tudo difícil e os trabalhinhos dos colegas sempre foram mais bonitos do que os meus. Tive que treinar tudo muito para ficar bom, no meu ponto de vista. Uma coisa que marcou muito em mim foi que a maioria dos colegas tinha canetinhas coloridas eu não. E eles não emprestavam, pois suas mães não deixavam e isso me deixava triste, era uma criança muito tímida, apesar de falar muito.
E assim foi minha primeira experiência dentro da escola, mas apesar de tudo era muito bom estar dentro da sala de aula.
Hoje como educadora não sei se podemos descartar totalmente a educação tradicional, pois naquele tempo apesar de ser um pouco rígido e traumático a educação funcionava um pouco melhor, a gente via que as crianças pareciam estudar mais e suas famílias se preocupavam mais. As reuniões com os pais eram realizadas no sábado pela manhã eram lotadas, nós quando aprontávamos na escola e os pais eram chamados eles compareciam e de alguma forma a criança não fazia novamente aquela arte. Muitos conteúdos tipo a tabuada eram verdadeiras decorebas com provas orais, mas com o tempo a gente descobria como era construída. A gente tinha que ler e falar sobre o que tinha lido e isso fazia com que procurávamos a biblioteca semanalmente, coisa que hoje muitas escolas nem tem esse espaço para seus alunos pegarem livros.
No meu entendimento devemos mesclar com ponderação o modo de ensinar, fazendo com que nossos alunos queiram aprender e que a escola seja acolhedora, como o diz o ditado “a escola é nosso segundo lar”. Tudo mudou e temos que seguir as mudanças e usar toda a tecnologia a nosso favor e não deixar ela fora da sala de aula, isso estamos vendo nas nossas aulas pelo PEAD, que esta abrindo minha mente a cada dia, revendo alguns conceitos que já estavam solidificados e agora estou revendo cada um deles.
Sem que a gente queira, nossos alunos mesmo não estando letrados e alfabetizados na língua materna, que é o português, eles tem uma desenvoltura enorme com as tecnologias, então podemos sim adaptar essa questão para nossas aulas.
Fico totalmente triste quando não consigo completar meu objetivo como professora alfabetizadora já que hoje temos três anos para poder concretizar essa tarefa, e realmente não sei como agir diante uma criança que se fecha para a sua evolução do seu conhecimento. Como abrir esse bloqueio que se arma em sua volta? Quero aprender como poderei ajudar crianças com essas dificuldades.


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